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Semana Santa em Acari


Para os seridoenses é um período de muita meditação e reflexão. É uma semana especial de orações, gestos e cheia de significados.

Eis que a palavra divina 'dai água de beber a quem tem sede' torna-se uma releitura para o Seridó. Uma região seca e árida. Realmente, só um milagre de Deus.

Em pleno Domingo de Ramos, escutei o galo cantando bem cedo. O anúncio de uma semana que nos trará boas novas - a chuva. Já choveu na semana que passou. E quando voltava de Jucurutu para Acari na BR 427, precisamente na curva da Fazenda Soledade, o relâmpago entre as serras do Talhado e Machado dava um brilho espetacular aos céus sombrios carregados de nuvens escuras. E, no sábado já noite o céu se fechou novamente e os relâmpagos continuaram a iluminar os sertões da Ribeira do Acauã.

Coisas do sertão, só os mestres da chuva para sentenciar. Percebi que a formiga cortadeira ou de roça, popularmente conhecida entre os agricultores, corta a folhagem e alimentava sua morada. O formigueiro estava naquelas alturas de areia sobrando para fora. E aprendi com os mais velhos que é sinal de chuva. É verdade, o domingo promete. Amanheceu nublado e agora a pouco começou a chover.

Os trovões dão o tom da invernada. A chuva quando molha o telhado também provoca um som de alegria, provocando uma vontade enorme de correr na rua com a criançada para tomar aquele banho de chuva. É como se diz a música 'águas que jorram na fonte... que vão e vem'. Uma tarde gostosa no Seridó. Um clima invejável. É chuva, continuando seu som nas goteiras, de pingo em pingo bate no tambor jorrando água para os lados.

E a garotada não perde o banho de bica e a correria nos riachos. A babugem começa a despontar rachando a terra do sertão.


Por E-Mail:Sergio Enilton