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Chico dos Cajus: Meu querido Acari de ontem e de hoje



 
Sobre Acari de ontem
 
Embora tenha nascido em outra cidade, São José de Campestre, residi em Acari desde os meus três anos até aos vinte e um anos, no sítio angicos, propriedade do meu pai.
Até os treze anos tinha presenças periódicas nas missas dominicais da festa de agosto. A partir dessa idade até os vinte e um anos, minha presença na cidade era quase diária, vendendo cajus, melancias, jerimuns, batatas e outros produtos do sítio, como lenha e leite.
Comecei a frequentar a Escola de D. Porfíria na 3ª série, vindo diariamente montado num jumento, com cargas de frutas e leite. Em seguida, me matriculei no grupo Escolar Tomáz de Araújo até a 6ª série, o grau mais alto da escola na época, no de 1945.
Essa vida era sofrida, mas era vivida com prazer.
 
Acari de hoje

Comparando o Acari de ontem e de hoje, sem desmerecer o passado, houve uma mudança da água para o vinho, mesmo para os ruralistas a mudança foi significativa.
O transporte de carga e de passageiros é notadamente em especial para os estudantes, no pessoal ou familiar, os animais foram substituídos pelas motos ou automóveis, muito deles do ano ou de última geração. Na parte da educação existem escolas dando diversas alternativas aos jovens adolescentes do município. Referente à saúde da população, as mães já não dependem das parteiras, as quais prestou um grande serviço à comunidade no passado.
A maternidade existente na cidade presta um ótimo serviço, acima da média nacional. O hospital existente presta um bom serviço comunitário regional gratuito.
Na parte de lazer além da grande maravilha que é o açude de gargalheira, com suas águas entre as cordilheiras de serras que margeiam a cidade de Acari, suas praias e a majestosa queda d'água de seu sangradouro.
Outra relíquia do açude é a produção de peixes e camarões proporcionando a população local e visitantes outras opções culinárias.
A construção de cisternas, caixas d'água e poços artesianos, construções de açude e eletrificação na área rural elevou a qualidade de vida da população rural. Ginásios esportivos, ciclovias e pistas para caminhadas de pedestres.
Com a ampliação da área verde urbana além do título da cidade mais limpa do Brasil, chove pouco, porém as árvores permanecem verdes.
Para os aposentados da terceira idade, além dos direitos adquiridos gerais, existem dezenas de bancos embaixo de frondosas árvores denominadas BPM, onde relatam suas experiências de suas prolongadas vidas e relembram o tempo que eram "bons nisso".
Além dos Acarienses nascidos e criados que vivem nessa gostosa cidade, existem retornantes para sempre, periódicos ou eventuais. Ao retornarem muitos trazem, cônjuges, filhos e amigos procedentes de outros Estados importantes, onde não existem muitas de nossas relíquias, passam a admirar nossa cidade.
Por tudo e muito mais, Eu, minha esposa, minhas duas filhas e quatro netas e dois genros, com exceção de mim e de um genro mineiro, todos são paulistas e todos gostam da nossa cidade.
O que me orgulha de Acari, além das coisas já citadas, é a não existência de barracos, favelas na periferia e moradores de rua, dormindo nas calçadas e embaixo de pontes e viadutos.
Com tristeza tenho que viajar em meio à grandiosa festa de Nossa Senhora da Guia, devido a compromissos assumidos com nossos netos.
Nossa netinha de 6 anos de idade afirma: Vovô, você é velhinho, com oitenta e dois anos de vida, não pode morrer agora, nossa vovó não sabe dirigir o carro, nossos pais trabalham e não gostamos de andar nas vans escolares e nem de táxis, e é você quem tem de nos levar para nossas residências. Gostamos de seu Acari, mas estamos com saudades e precisando de seu serviço.
Carmen, 6 anos; Helena, 7 anos; Maria Fernanda e João Pedro, 9 anos.
 
 
Francisco das Chagas Araújo (Chico dos Cajus)
Acari - RN, agosto/ 2011
Edição de fotos: Davi Neto