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| Foto: Eduardo Silva | 
Nascida  da apartação, a vaquejada é tradição do vaqueiro. É uma das tradições  mais cantadas em prosa e verso pelos cantadores, emboladores,  cordelistas, cronistas e violeiros em todo o Nordeste brasileiro. É uma  festa popular de tradição, fidelidade e apego ao passado. Qual o  nordestino que não é um apaixonado pela emocionante prática da  vaquejada? 
Muitas  vaquejadas, muitas apartações vêm dos nossos primitivos tempos,  espalhadas por Nordeste. É uma recordação dos nossos antepassados, como  uma lembrança viva dos nossos ascendentes, é uma testemunha eloqüente  das belezas antigas, tudo aquilo que foi bom e passou. Passou deixando  vestígios e estamos revivendo no Parque de Vaquejada João & Edite,  uma louvável iniciativa de Iranilson Medeiros e João Berto , ao reviver  as vaquejadas como se não tivesse passado. 
Na lida de arrebanhar o gado para os currais continua pelo mesmo costume de antigamente, ou seja,  como  nos recuados tempos da apartação. Claro que em menor proporção, pois o  rebanho bovino diminuiu sensivelmente. Os vastos campos de criação de  gado foram substituídos pela agricultura, e as velhas e tradicionais  fazendas foram pouco a pouco desaparecendo. 
Em  outros tempos já distantes e encobertos pelas cinzas do passado, era  grande o número de vaqueiros e derrubadores famosos, experientes e  corajosos na Ribeira do Acauã. Existiram, igualmente, centenas de  cavalos de fama, afeitos à luta. Os afamados derrubadores foram  desaparecendo, foram tombando. Aqui e acolá, encontra-se um vaqueiro da  velha guarda. No município de Acari surgiram alguns pátios ou parques de  vaquejada nas localidades rurais. Ainda passa pela memória de todos as  tradicionais vaquejadas no Parque Severino Odorico, no pátio da Fazenda  Cabeço Branco de Antonio Pires, da Fazenda  Rajada, da Fazenda Várzea em Antonio de Abílio etc. 
Está  marcado o dia da vaquejada, dias antes toda vaqueirama se reúne para  arrebanhar o gado da fazenda ou de outras localidades rurais que irão à  cidade onde vai ser realizada a vaquejada. O gado separado e selecionado  é tangido para os currais através de vaquejadores. Quando surge de  repente uma rês mais arisca que espirra de mato a dentro, os vaqueiros  mais bem montados, corajosos e afoitos, correm atrás do animal. Com  absoluta destreza e confiança no seu cavalo, o vaqueiro sai em  perseguição à rés, desviando-se das árvores, saltando macambira e  xiquexique, batendo aqui e ali em galhos  de juremas, faveleiras, marmeleiros e mofumbos atravessados na  passagem, subindo ou descendo ariscos, penetrando em caatingas de matos  espinhosos, resvalando sobre pedras, até chegar o momento oportuno de  encontrar um local mais aberto.  
Quando  a vaquejada se realiza em uma determinada cidade do interior,  geralmente no período da festa do padroeiro ou padroeira local.  Deduzidas as despesas com pista de corrida, arquibancada, bar, etc., o  saldo será  entregue aos competidores como premiação e cobertura de diversas despesas. 
Nos  dias atuais, a vaquejada é previamente programada, contando com  diversas comissões. A comissão julgadora e a mais importante e tem uma  espécie de regimento. E, no habitual, composta de homens conhecedores e  já veteranos na difícil arte de derrubar gado, profundos sabedores de  todas as artimanhas, de todas as astúcias do hábil derrubador.  
Hoje  no Parque João & Edite os amantes da vaquejada estão valorizados e  homenageados. Os tradicionais vaqueiros sem trégua usam sob sua cabeça  um boné ou chapéu de couro; fez-se forte, esperto, resignado e prático. É  prego batido e ponta virada na cerca dos currais, é cantoria e aboio, é  velocidade e coragem, habilidade destemida. O fole ronca e o triângulo e  pandeiro dão os primeiros sinais que o forró da vaquejada permanecerá  vivo ecoando nas cordilheiras do Acari.
