.

Filho de acarienses, Padre Flávio é destaque em reportagem do Correio Braziliense

Padre acariense acompanha Papa desde o primeiro dia no posto e vai até o último


O padre vive há oito anos dentro do Vaticano e ocupa um dos cargos de maior prestígio na Basílica de São Pedro
"Os primeiros e os últimos momentos de Bento XVI como papa foram acompanhados de muito perto por um brasileiro criado no sertão do Rio Grande Norte. Flávio José de Medeiros Filho, de sotaque nordestino ainda bastante carregado, deixou o Brasil 13 anos atrás para ser seminarista em Roma. Há oito, vive dentro do Vaticano e ocupa um dos cargos de maior prestígio na Basílica de São Pedro, o coração da Igreja Católica. 

Discreto, embora muito falante, padre Flávio é um dos dois cerimoniários do megatemplo. Ou seja, é ele quem cuida de todos os detalhes das celebrações ali realizadas. Aos 35 anos, o diocesano tem acesso livre a espaços fortemente vigiados. Basta um aceno para circular livremente pelos pátios cercados pela Guarda Suíça e por altos muros. O serviço aos cardeais no altar valeu a ele o respeito da cúpula da Igreja. 

No fim da tarde de ontem, exatamente 24 horas após Bento XVI deixar o Palácio Apostólico, padre Flávio falou ao Correio em um lugar escolhido por ele: uma passarela sobre um viaduto, com vista para o alto da basílica. “Eu moro ali”, contou, entusiasmado, apontando para uma janela no topo de um prédio ao lado da Casa Santa Marta, onde os cardeais ficam hospedados durante o conclave.

No anonimato, esse brasileiro participou como poucos dos momentos mais importantes da Igreja na última década. Cantou o Evangelho na tradicional Missa do Galo de 2004, a última noite natalina do falecido papa João Paulo II. Em 6 de janeiro daquele mesmo ano (ele não esquece a data), serviu no altar em cerimônia celebrada pelo então cardeal alemão Joseph Ratzinger. Foi apenas a primeira das 174 ocasiões em que estiveram juntos. “Há uma margem de erro para um pouco mais ou um pouco menos”, pondera. 

Padre Flávio estava no meio da multidão acomodada na Praça de São Pedro quando foi anunciada a morte de João Paulo II. De volta ao seminário, quase à meia-noite, ouviu do superior que havia sido convocado para organizar a missa de início das exéquias do papa. Foi ele quem segurou a bacia com a água benta aspergida no corpo. “Meus pais me viram na televisão naquele dia”, lembra, contente. 

A partir dali, o potiguar não arredou mais o pé da Basílica. Cuidou da liturgia da cerimônia de abertura do conclave que elegeu Bento XVI e, na missa de posse do alemão, foi o primeiro a comungar das mãos dele. Pouco antes, entoara em latim, voltado para o novo pontífice, a passagem do Evangelho de São Mateus que diz: “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha igreja”. “Meu Deus do céu!”, suspira ele, recordando a cena.

Veja toda a reportagem no Correio Braziliense. Clique aqui!