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Dilma compara postura de Serra a ‘biruta de aeroporto’


Brasília (AE) - Minutos depois de lançar seu site pessoal (www. dilmanaweb.com.br), com estocadas ao “apagão” do governo Fernando Henrique Cardoso, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, chamou o adversário José Serra (PSDB) de “biruta de aeroporto”. O novo termo integra o pacote de expressões que serão usadas na campanha petista para carimbar Serra como “anti-Lula”. Ao ser questionada se o tucano agia como “lobo em pele de cordeiro” quando sustentou ontem, em Belo Horizonte (MG), que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não passava de uma lista de obras, Dilma subiu o tom.

“Eu acho que ele está mais para biruta de aeroporto porque cada dia (aparece) de um jeito”, afirmou a pré-candidata do PT, que início do mês disse que tucanos agiam como “lobo em pele de cordeiro” e tentavam vender imagem distorcida da realidade. “Lamento que ele (Serra) fale isso quando voltamos a financiar Estados e municípios.” Logo depois, porém, ironizou: “Mas a pessoa está lá tentando discutir política. Eu entendo as falas um pouco mais ácidas.”

Na prática, o comando da campanha petista quer reforçar o rótulo de Serra como “anti Lula” e já pôs lupa sobre declarações do ex-governador que criticam programas do governo. A tática consiste em explorar divergências entre Serra e a cúpula do PSDB e alvejar a gestão do tucano como ministro do Planejamento, de janeiro de 1995 a abril de 1996, no governo Fernando Henrique. Dilma caprichou nas alfinetadas e insistiu que ninguém pode passar pelo que não é. “Se foram oposição durante 7 anos e meio, como agora podem mudar?”, provocou ela. “Ninguém pode esquecer que eles criticaram o Bolsa-Família, que chamavam de Bolsa-Esmola”. Nos últimos dias, Serra afirmou que não fará mudanças em programas sociais que estão dando certo, como o Bolsa-Família. A ex-ministra chegou a citar que o Bolsa-Família foi considerado o melhor programa social “do mundo” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Não foi, porém, o que ocorreu. Ao perceber que havia exagerado, ela corrigiu. Embora Serra não tenha dito que vai acabar com o PAC, Dilma recorreu à ameaça feita pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), sob o argumento de que o carro-chefe da plataforma de Dilma não saíra do papel. “Para falar que vai acabar com o PAC, que é uma lista de obras e que não serve para nada, eles vão ter que combinar com os prefeitos do País “, devolveu a pré-candidata do PT. Sempre enumerando as “obras” do governo Lula, Dilma chamou o testemunho dos empresários. “Eles (tucanos) têm que combinar com os empresários da área da construção civil para ver se o programa “Minha Casa, Minha Vida”, que vai de fato gerar 1 milhão de moradias, é só uma lista ou é um processo realizado”, insistiu.

Campanha tem conselho político para afinar discursos

Brasília (AE) - O comando da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff à Presidência da República instalou ontem seu conselho político para afinar o discurso com os partidos aliados, equacionar divergências e definir agendas da pré-candidata governista. Durante quase duas horas, lideranças do PT, PMDB, PR, PDT, PCdoB, PP e PTB estiveram reunidas em Brasília para definir, por exemplo, como buscar uma aproximação com o ex-governador Anthony Garotinho (RJ) no Rio de Janeiro. “A ideia principal do conselho é ajudar a resolver os problemas nos Estados”, resumiu o vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF). “Não adianta ir para um Estado com problema, sem conversar antes. Caso contrário, pode criar mal-estar”, prosseguiu. Na reunião de ontem, o comando da campanha definiu ainda a agenda de Dilma para os próximos dias. Entre quinta e sexta-feira, a ex-ministra deverá cumprir agenda no Paraná. No sábado, vai participar em São Paulo do lançamento da pré-candidatura de Aloizio Mercadante ao governo do Estado. “Vamos convocar os aliados para estar por perto. Temos de dar apoio à candidata”, disse o líder do PDT na Câmara, deputado Dagoberto (MS). O conselho político da campanha governista vai se reunir quinzenalmente. Reuniões extraordinárias podem vir a ser convocadas. O próximo encontro ficou marcado para o dia 3 de maio e contará com a presença do marqueteiro João Santana.